sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

De mãe surtada para pai surtado, aqui vai uma resposta: não há resposta.

Esse post é uma resposta ao post do meu velho amigo, grande pai e super marido, Igor de Sousa.

Clique aqui para ler o post (vale MUITO a pena)

Você está corretíssimo quando cita esse 1% de probabilidades infinitas e tão assustadoras. Mas eu volto a comentar sobre isso daqui a pouco. 
Com a permissão de ser bastante óbvia, vou começar pelo começo. Sim, essa geração de crianças e adolescentes em sua maioria adultizados assusta - e muito. Não assusta só pela sexualidade, nem só pela violência, nem só por um motivo; assusta por um bolo de coisas interligadas, que resultam em um emaranhado de medo e dúvidas; assusta porque talvez nós tenhamos sido crianças / adolescentes com menos noção ainda de perigo e hoje em dia sejamos conscientes disso; assusta porque talvez de fato o mundo seja agora um lugar muito mais cruel que na nossa época (não, nunca senti essa "dor" de idade por falar "na nossa época").
Por força do destino, meu grande amigo escreveu esse post na mesma semana em que eu dormi chorando pela tristeza de não poder proteger meu maior tesouro (minha filha de 6 anos) de um mundo infestado de ódio, de ganância e tantos outros tipos de câncer emocional. Depois de muito pensar sobre isso, eu confesso que não cheguei a conclusão nenhuma... apenas constatei algumas observações: 
- desde que fiquei grávida, tudo que eu mais desejava para o meu bebê era felicidade. Pois é, antes ainda de "que venha cheio de saúde (saúde é um conceito relativo para mim)", eu só repetia para mim "quero que seja uma criança feliz, com sorriso nos lábios e brilho nos olhos".
- voltando ao 1% de antes, eu vejo muita gente, muita mesmo, sendo infeliz, tornando os outros infelizes, propagando esse câncer emocional no mundo, enquanto outros olham e dizem "nossa, mas essa pessoa tinha tudo para dar certo, tanto potencial, família fez de tudo...". 
Aí entra o grande incômodo: esse "FEZ de tudo". Eu penso em todos os valores que "herdei" dos meus pais e avós e, em nenhum deles, eu vejo reflexos de coisas que tenham sido FEITAS. Eu admiro as pessoas que admiro e critico as pessoas que critico pelo que elas SÃO. SER alguém para os nossos filhos é muito mais importante que FAZER algo por eles e, claro, infinitamente mais importante que DAR algo para eles. Eu vejo uma quantidade absurda de pais que "fazem" pelos filhos - levam a tal lugar, preparam tal festa, compram, alugam, deixam, enfim... fazem. E eu não estou me referindo à falida família tradicional brasileira, de classe média/alta, cujos pais compram a aprovação dos filhos para compensar pelo tempo e pelo amor que não dão. Esse tipo já é muito ultrapassado. Eu falo desses que levam ao parque porque os outros pais também levam; que participam de determinada atividade com os filhos porque a psicopedagoga da escola recomendou; que levam ao restaurante natural TODA SEMANA "porque McDonald's é capitalista e meu filho precisa se alimentar direito no lugar em que minha amiga sempre leva o filho dela". Esses pais se dizem muito participativos, mas a verdade é que pouco se preocupam em ser alguém de valor para os filhos. Ser alguém diferente. Ter uma personalidade mesmo.
Eu acho que quando um pai É uma pessoa, um pai, um amigo, um companheiro, um chefe, um o que quer que seja, aí sim ele se torna único. Importante. Traz significado para a vida daquela criança. Mostra que existe um ser humano ali. E que aquele filho pode confiar. E que vão dar as mãos e tentar juntos, errar juntos, acertar juntos, descobrir juntos. E assim TALVEZ possamos nos assegurar de participar o máximo possível da vida desses pequenos.