terça-feira, 6 de abril de 2021

Coragem não é o oposto de medo

 "Não tem babaca que vai me tirar o que é meu!"

Eu adoraria vir aqui toda empoderada, dizendo essa frase e achando que nada nem ninguém poderia me parar. Eu adoraria.

Acontece que a realidade nunca é como a gente quer... e aí? Para tudo? "Sim" seria a minha resposta mais óbvia, mais frequente, mais segura. Aliás, segurança é uma coisa que eu tenho buscado por todos esses anos e, lógico, não achei. 

Segurança não existe.

Existe a exposição, o medo, a vulnerabilidade, o medo de novo, e a paralisia do medo. Ah, minha velha conhecida! A paralisia do medo não vem só sem razão, não se engane. Não é a mesma coisa que a minha fobia de barata. A paralisia do medo vem com traumas, muitos traumas, com desamparo, com solidão, com sofrimento, com ferida aberta. Vem de avalanche, no ritmo do coração batendo acelerado. Toma conta e congela tudo: o corpo, o tempo, a lógica, a ação, até o amor.

Revirar documentos e sentimentos do passado é um desafio ainda. Dói ainda. Dói de verdade. Aí vem aquela paralisia anestesiando tudo. Numb. 

Mas não resolve. Piora. Afunda. Dói mais. Pesadelo de novo. Acordar com medo. Parar? Não mais. Chega. Se o medo paralisa, a força da dor move. E move muito. Se é dor que temos, é com dor mesmo que vamos.

Segurança não existe.

Existe muita coisa negativa que precisa diluir, existe uma nuvem que precisa chover, uma lágrima que precisa chorar, um coração que precisa voltar a bater tranquilo. Por mim, por ela.

Segurança não existe, medo sim. Dor também. A dor ganhou. Hora de lutar.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Mais um 19 de dezembro

19 de dezembro de 2012. 
Sem dúvida, o dia mais triste da minha vida. 
Há exatos 4 anos, eu te disse o último adeus. 
Depois de um final de semana cheio de alegria, aniversário, Mundial do Corinthians, veio aquela semana. Uma segunda-feira de despedida, quando eu te deixei ir. "Lulu, chega de sofrer. Não aguento mais te ver assim, você não merece. Pode ir. Fica tranquilo, a gente se vira por aqui. A gente vai ficar bem", foi exatamente o que eu disse na segunda à noite. Na quarta, você se foi. Desde então, não há um dia em que eu não pense em você, em que eu não sinta a sua falta. Às vezes eu queria apagar aquela semana, apagar aquela despedida. Mas aí eu lembro de tudo que você aguentou para ficar com a gente até o último segundo, mesmo sofrendo tanto. E então eu quero apagar todos os anos de dor da sua vida. Eu queria ter o poder de arrancar a sua dor e te tirar daquela tristeza toda. Me desculpe por ter te segurado tanto tempo aqui, sei que fui egoísta. É que eu realmente não conseguia aceitar uma vida sem a sua presença. Sinceramente? Ainda não consigo. Ainda falo de você como se estivesse logo ali, como se ainda ficasse bravo com nó cego na sacola, como se estivesse assobiando para o cachorro da vizinha parar de latir. Você nunca foi a lugar algum, não é mesmo? Você continua aqui, parte de mim, parte de nós, do nosso dia-a-dia. Eu agradeço e sinto o maior orgulho de cada ensinamento seu, de cada bronca, de cada palhaçada, de cada problema de matemática que você não sossegava enquanto a gente não resolvesse.
Lembra que eu te disse que a gente ficaria bem? A gente ficou. A gente melhorou tanto, Padrinho... a gente se uniu mais ainda, a gente tomou pauladas da vida e conseguiu superar juntos, a gente evoluiu de verdade. Cada um cuidando da sua vida, conquistando seus caminhos, e todo mundo vivendo junto, sofrendo junto, comemorando junto. Um cuida do outro no maior esquema de parceria. Você ficaria muito orgulhoso da sua família.
E quanto a mim, pode ficar sossegado. Eu sei que me desesperei na época, mas agora estou bem. Não sei ao certo se já entendi a sua partida, mas hoje já consigo pensar em você sem sentir tristeza. Eu ainda sinto muita saudade e ainda sinto falta de compartilhar meus melhores momentos com você. Minhas conquistas não parecem completas sem você torcendo e comemorando por mim. Mas hoje eu consigo ficar feliz nas horas felizes e só me resta acreditar que, de onde estiver, você também está feliz por mim. E a Estela, Padrinho... a Estela é tão inteligente! Eu queria tanto que você estivesse por aqui e sentisse o mesmo orgulho que eu sinto dela... Ela sempre fala de você, diz que sente saudade, diz que adora você. Eu não entendo como isso é possível, mas acho que isso não é coisa para se entender mesmo.
Eu espero de verdade que você tenha encontrado muita paz e que esteja feliz, sorrindo e pulando por aí. Nós aqui, estamos mais unidos que nunca e continuamos te amando demais.
Obrigada por ser nosso! Te amo sempre!

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Os outros são os outros. E só.

Four years ago, I couldn't think of anyone else. My life was a mess, the two of us together were a mess... but just the thought of living without you didn't seem like something I could ever get over. You were all I had, all I wanted, all I could dream of. There couldn't be anyone else.

But then it was over. Just like that. Then, to each other, we became just someone else.

The thing is, to me, you've never been just someone else. You were the one. You have been the one.

Two years ago, there was someone else. I was finally falling for someone else. 
That's when I started thinking of you again. I was told that it meant I was getting over you. What a huge mistake... I'm never getting over you, not really. At that moment, I made up my mind: that was it, I would be alone and fine with it. I had to let go of someone else.

And now, after all this time, I get a chance. It's right in front of me. I get a real shot of having fun, something light; it could even be nothing, but it could be something. It could be someone else. 
But guess what? I can't stop thinking of you, again - or still. 

I swear I'm doing well, I've been managing to live without you, I've grown, I've changed. You'll always be part of my life, my thoughts, my heart... truth be told, you're part of who I am.
You are the one.

There's no one else.


segunda-feira, 25 de julho de 2016

Uma pessoa

*toca o telefone*
- Alô?
- Oi.
*desliga o telefone na cara*

*chega mensagem*
- Por que você desligou?
- Por que eu preciso falar com você.
- E desligou o telefone?
- Se eu falasse com você hoje, começaria a chorar.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Pedido

E eu, que sempre fui de rezar para agradecer, hoje rezo pedindo. 

Rezo pedindo proteção e saúde para mim, pois assim posso cuidar de quem eu amo.
Rezo pedindo pelos meus amigos e também pelos "não tão" amigos, para que trilhem seus caminhos e sejam felizes.
Rezo pedindo pela humanidade, para que sejamos menos medíocres e mais tolerantes.
Rezo pedindo pelo Brasil e pelos brasileiros, por uma população unida e sem ódio.
Rezo pedindo pela minha família (a grande), pois nada de mim estaria aqui se não fosse pela existência dessas pessoas.
Rezo pedindo pela minha família (a de perto): para a minha mãe ser feliz, para a minha irmã saber o quanto a amo, para a minha outra irmã saber que vai dar tudo certo e que ela não precisa ficar nervosa, para o meu pai ter certeza que estou aqui e que o amor é imenso; para a minha filha andar cercada por um batalhão de anjos, já que eu não posso viver grudada nela e nem tirar do caminho qualquer sofrimento que apareça.

Rezo por proteção, saúde, alegria, luz... para mim e para todos que amo.

Mas hoje, em especial, eu rezo pedindo com muita força pela minha prima. Que ela encontre alguma força - senão nela mesma, em nós - para dar a volta por cima. Que ela sinta todo o nosso amor e nossa torcida e volte logo. Que ela entenda que eu preciso da minha prima mais velha. 

Sai dessa, Dé!!!! 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

De mãe surtada para pai surtado, aqui vai uma resposta: não há resposta.

Esse post é uma resposta ao post do meu velho amigo, grande pai e super marido, Igor de Sousa.

Clique aqui para ler o post (vale MUITO a pena)

Você está corretíssimo quando cita esse 1% de probabilidades infinitas e tão assustadoras. Mas eu volto a comentar sobre isso daqui a pouco. 
Com a permissão de ser bastante óbvia, vou começar pelo começo. Sim, essa geração de crianças e adolescentes em sua maioria adultizados assusta - e muito. Não assusta só pela sexualidade, nem só pela violência, nem só por um motivo; assusta por um bolo de coisas interligadas, que resultam em um emaranhado de medo e dúvidas; assusta porque talvez nós tenhamos sido crianças / adolescentes com menos noção ainda de perigo e hoje em dia sejamos conscientes disso; assusta porque talvez de fato o mundo seja agora um lugar muito mais cruel que na nossa época (não, nunca senti essa "dor" de idade por falar "na nossa época").
Por força do destino, meu grande amigo escreveu esse post na mesma semana em que eu dormi chorando pela tristeza de não poder proteger meu maior tesouro (minha filha de 6 anos) de um mundo infestado de ódio, de ganância e tantos outros tipos de câncer emocional. Depois de muito pensar sobre isso, eu confesso que não cheguei a conclusão nenhuma... apenas constatei algumas observações: 
- desde que fiquei grávida, tudo que eu mais desejava para o meu bebê era felicidade. Pois é, antes ainda de "que venha cheio de saúde (saúde é um conceito relativo para mim)", eu só repetia para mim "quero que seja uma criança feliz, com sorriso nos lábios e brilho nos olhos".
- voltando ao 1% de antes, eu vejo muita gente, muita mesmo, sendo infeliz, tornando os outros infelizes, propagando esse câncer emocional no mundo, enquanto outros olham e dizem "nossa, mas essa pessoa tinha tudo para dar certo, tanto potencial, família fez de tudo...". 
Aí entra o grande incômodo: esse "FEZ de tudo". Eu penso em todos os valores que "herdei" dos meus pais e avós e, em nenhum deles, eu vejo reflexos de coisas que tenham sido FEITAS. Eu admiro as pessoas que admiro e critico as pessoas que critico pelo que elas SÃO. SER alguém para os nossos filhos é muito mais importante que FAZER algo por eles e, claro, infinitamente mais importante que DAR algo para eles. Eu vejo uma quantidade absurda de pais que "fazem" pelos filhos - levam a tal lugar, preparam tal festa, compram, alugam, deixam, enfim... fazem. E eu não estou me referindo à falida família tradicional brasileira, de classe média/alta, cujos pais compram a aprovação dos filhos para compensar pelo tempo e pelo amor que não dão. Esse tipo já é muito ultrapassado. Eu falo desses que levam ao parque porque os outros pais também levam; que participam de determinada atividade com os filhos porque a psicopedagoga da escola recomendou; que levam ao restaurante natural TODA SEMANA "porque McDonald's é capitalista e meu filho precisa se alimentar direito no lugar em que minha amiga sempre leva o filho dela". Esses pais se dizem muito participativos, mas a verdade é que pouco se preocupam em ser alguém de valor para os filhos. Ser alguém diferente. Ter uma personalidade mesmo.
Eu acho que quando um pai É uma pessoa, um pai, um amigo, um companheiro, um chefe, um o que quer que seja, aí sim ele se torna único. Importante. Traz significado para a vida daquela criança. Mostra que existe um ser humano ali. E que aquele filho pode confiar. E que vão dar as mãos e tentar juntos, errar juntos, acertar juntos, descobrir juntos. E assim TALVEZ possamos nos assegurar de participar o máximo possível da vida desses pequenos.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A ausência mais presente

Até hoje ainda não consigo dizer se a dor de te perder foi maior que a alegria de ter tido você por perto. Ainda não consigo dizer se sinto minha consciência limpa por te deixar ir... você lutou tanto por nós, aguentou tanto sofrimento, ficou por perto muito além do possível.

Sua alegria, sua energia, sua empolgação eram contagiantes. Talvez por isso sua dor também tenha sido. Eu queria tanto que você tivesse ficado comigo, mas também queria tanto que você não sofresse mais...

A falta que você faz é tanta, que eu chego a sentir sua presença. Até demais. E a mesma presença que muitas vezes me encoraja e que me motiva a seguir em frente, às vezes também me paralisa e me impede até de pensar direito. E essa presença é tão forte, que dói e alivia ao mesmo tempo. Eu brigo comigo para te esquecer, para me libertar, para não sentir mais nada... Mas a verdade é que eu ainda te amo e que tenho um medo absurdo de apagar a única coisa que ainda tenho de você: a memória.
Eu sei que nada disso faz sentido, mas aí eu lembro que saudade nunca fez sentido para mim, mesmo.

Vou seguindo a vida, feliz por você fazer parte dela e esperando que um dia nos encontremos de novo.