"Não tem babaca que vai me tirar o que é meu!"
Eu adoraria vir aqui toda empoderada, dizendo essa frase e achando que nada nem ninguém poderia me parar. Eu adoraria.
Acontece que a realidade nunca é como a gente quer... e aí? Para tudo? "Sim" seria a minha resposta mais óbvia, mais frequente, mais segura. Aliás, segurança é uma coisa que eu tenho buscado por todos esses anos e, lógico, não achei.
Segurança não existe.
Existe a exposição, o medo, a vulnerabilidade, o medo de novo, e a paralisia do medo. Ah, minha velha conhecida! A paralisia do medo não vem só sem razão, não se engane. Não é a mesma coisa que a minha fobia de barata. A paralisia do medo vem com traumas, muitos traumas, com desamparo, com solidão, com sofrimento, com ferida aberta. Vem de avalanche, no ritmo do coração batendo acelerado. Toma conta e congela tudo: o corpo, o tempo, a lógica, a ação, até o amor.
Revirar documentos e sentimentos do passado é um desafio ainda. Dói ainda. Dói de verdade. Aí vem aquela paralisia anestesiando tudo. Numb.
Mas não resolve. Piora. Afunda. Dói mais. Pesadelo de novo. Acordar com medo. Parar? Não mais. Chega. Se o medo paralisa, a força da dor move. E move muito. Se é dor que temos, é com dor mesmo que vamos.
Segurança não existe.
Existe muita coisa negativa que precisa diluir, existe uma nuvem que precisa chover, uma lágrima que precisa chorar, um coração que precisa voltar a bater tranquilo. Por mim, por ela.
Segurança não existe, medo sim. Dor também. A dor ganhou. Hora de lutar.